Preste atenção aos sinais invisíveis
NATÁLIA LEITE: "O corpo se comunica com a gente o tempo todo. Nós é que não prestamos atenção. Como tudo na vida, é preciso treino para captar o que ele diz. Mas está aí um exercício que vale o esforço". Por Natália Leite
Preste atenção aos sinais invisíveis que o corpo manda
Por NATÁLIA LEITE
Sabe
aquela sensação horrível de revirar a bolsa e não encontrar a carteira?
O medo de ter perdido documentos, cartões, dinheiro... Dá um frio na
barriga, um aperto no coração e um gosto metálico na boca. Foi assim que
Samantha descreveu o que sentiu quando reencontrou um camarada que
passou pela vida dela e fez um estrago danado. Veio uma sensação de
ameaça, de perigo, como se o corpo estivesse dizendo "corre, se salva
menina!". Ela me contou essa história e fiquei pensando no assunto. Acho
que é exatamente isso que acontece: o corpo se comunica com a gente o
tempo todo. Nós é que não prestamos atenção.
A dor de cabeça
aparece toda vez que você sai com uma determinada pessoa. O que você
faz? Toma remédio. Acha que está trabalhando demais, vê mil explicações,
mas nem considera que, talvez, seja o que há de mais íntimo e puro em
você gritando, "socorro, não se exponha a isso, não ouça essas
colocações, não se contamine!".
Depois do relato da Samantha, passei a observar essas reações físicas
com atenção. Toda vez que encontro alguém, que preciso tomar uma
decisão, fico ligadona nas mensagens do corpo. Percebi que não tem
erro. Pintou o frio na barriga, a sensação de fechamento, é melhor
encontrar a saída diplomática e me mandar. Se insistir em ficar na festa
ou em fazer o negócio, apesar dos sinais, é problema garantido.
Da
mesma forma, se o encontro traz uma sensação de abertura, conforto, de
doçura, pode ir em frente. Não é a impressão racional que se tem do
outro, essa pode enganar. O raciocínio erra. Se não errasse seria tão
mais fácil... O que vale sempre é a sensação orgânica, biológica
despertada interiormente a cada contato. É como na natureza que não
erra. Se a terra é ruim, a semente fica ali, fechadinha para não se
desperdiçar. Se o ambiente é bom, ela se abre e dá frutos. Como tudo na
vida, é preciso treino. Mas está aí um exercício que vale o esforço.
*Natália Leite
é jornalista, mestre em Ciência da Informação pela Universidade de
Brasília, curiosa e otimista incurável. Escreve quinzenalmente sobre os
erros, acertos e dúvidas que nos fazem mulheres.
Disponível em: http://www.tempodemulher.com.br/variedades/noticias/preste-atencao-aos-sinais-invisiveis